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Hérnia de disco - Discopatia em cães

  • Foto do escritor: Bianca Aguiar Pereira
    Bianca Aguiar Pereira
  • 26 de jul. de 2016
  • 4 min de leitura

A hérnia de disco também conhecida como doença do disco intervertebral (DDIV) é caracterizada pela degeneração do disco que existe entre as vértebras. Ela é uma síndrome neurológica e leva à compressão ou lesão da medula espinhal devido ao deslocamento do disco ou partes (herniação) do mesmo para o canal vertebral.

Essa herniação discal pode ocorrer por extrusão (Hansen tipo I) ou protrusão (Hansen tipo II) do disco ou de suas partes podendo ser um processo agudo ou crônico com sintomatologia variada (BRISSON, 2010).


Tem muita importância na rotina clínica veterinária por ser considerada a condição neurológica mais frequentemente descrita em cães.


Há uma predisposição maior da DDIV em raças que chamamos de condrodistróficas (Teckel, Beagle, Pequinês, Lhasa Apso, Shih-tzu), mas também pode ocorrer em outras raças (SANTINI et al., 2010).



Acredita-se que os fatores genéticos tenham um papel na degeneração acelerada dos discos em raças condrodistróficas, sendo que os fatores mecânicos e anatômicos também são importantes, uma vez que as extrusões de disco são mais comuns em regiões cervical e de torácica (T11) a lombar (L3) (BURGUESE, 2009).


Os sintomas da DDIV variam de dor, claudicação, paresia, paralisia, tetraparalisia, sinais neurológicos e incontinência urinária e estão relacionados ao sítio de herniação e a quantidade do material dentro do canal medular (TOOMBS e BAUER, 1998).


A medula espinhal tem como principal função conduzir as informações das partes que inerva para o cérebro e enviar os comandos do cérebro para estas partes. Também apresenta uma função como centro integrador de reflexos, onde produz respostas subconscientes de músculos e glândulas frente a um estímulo em particular, o chamado arco reflexo (De LAHUNTA e GLASS, 2009). O edema, a inflamação e a compressão da medula decorrentes da discopatia, prejudicam a condução dessas informações e comandos.


O diagnóstico da doença do disco intervertebral é estabelecido através de sinais clínicos, história clínica, exame físico e neurológico, para localização da lesão (SANTOS et al., 2011). A realização de exames radiográficos é fundamental para descartar outras alterações como fratura, luxação e anomalia congênita.


A mielografia é feita para confirmar a compressão medular e decidir como vai ser a cirurgia. A tomografia computadorizada oferece visualização direta da medula espinhal e estruturas adjacentes (TOOMBS e BAUER, 1998). Já a ressonância magnética é considerada o melhor método de diagnóstico para a detecção precoce de degeneração do disco em cães, para visualização da medula espinhal, os discos e as suas estruturas adjacentes, porém, apresenta má resolução óssea. Resulta na potencialização do contraste dos tecidos moles que compõem a medula espinhal, permitindo sua visualização direta (BRISSON, 2010).


Em relação a abordagem terapêutica, há o tratamento médico e cirúrgico, como repouso, antiiflamatórios e técnicas cirúrgicas descompressivas. O tratamento varia com a gravidade da lesão (GONÇALVES, 2011).


Na opção de uma terapêutica devem ser consideradas as circunstâncias do atendimento na prática clínica veterinária, resultados obtidos de pesquisas clínicas e experimentais, possibilidades econômicas e disponibilidade de tempo do proprietário (SCOGNAMILLO-SZABÓ, 2010).


A acupuntura e a fisioterapia podem ser utilizadas com o intuito de controlar a dor, normalizar a função motora e sensorial, além das alterações na micção. A melhora pode ser observada a partir de uma semana até seis meses, dependendo sempre do grau da lesão neurológica (HAYASHI, 2006).


A acupuntura faz a estimulação sensorial periférica provocando a liberação de neuropeptídeos locais e à distância e possui efeitos analgésicos e antiinflamatórios. A fisioterapia retarda a perda muscular através de exercícios para fortalecimento e estímulos mecânicos, além de contribuir bastante em casos de espasticidade e rigidez muscular com a realização de massagens e alongamentos.


Como escrito anteriormente, a escolha do tipo de tratamento depende de vários fatores, mas qualquer opção que se tome deve ser instituída o quanto antes. No caso de lesões agudas com menos de 24 horas, em qualquer caso, deve incluir sempre o tratamento medicamentoso, com o intuito de impedir os processos decorrentes da concussão medular (HAYASHI, 2006).


A reabilitação integrada a este tratamento tem permitido uma melhora na qualidade da recuperação e um aumento da expectativa dos tratamentos disponíveis aos animais de estimação.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BRISSON, B.A. Intervertebral disc disease in dogs. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.40, n.5, p.829-858, 2010.


BURGESE, L.F.; PINTO, A.C.B.C.F. Avaliação da discopatia em cães por métodos de imagem. Parte 1 – Radiografia convencional: revisão de literatura. Revista Clínica Veterinária, n.80, p.40-46, 2009.


GONÇALVES, A.J. Utilização da acupuntura no tratamento de cães com discopatia intervertebral. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação para obtenção do grau de médico veterinário. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, São Paulo, 2011.


HAYASHI, A.M.; MATERA, J.M. Estudo clínico da eficácias da acupuntura no tratamento da discopatia intervertebral tóraco-lombar em cães. Dissertação (Programa de Pós-graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária para obtenção de título de Mestre em Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.


SANTINI, G. et al. Doença do disco intervertebral cervical em cães: 28 casos (2003- 2008). Pesquisa Veterinária Brasileira, v.30, n.8, p.659-664, ago. 2010.


SCOGNAMILLO-SZABÓ, M. V. R.; UEDA, M. Y.; LUNA, S. P. L.; JOAQUIM, J. G. F. Estudo retrospectivo de 1.137 animais submetidos à acupuntura na FMVZ-UNESP-Botucatu-SP. Botucatu. 2010. ARS Veterinária, Jaboticabal, v.26, n.1, 006-010, 2010.


TOOMBS, J.P.; BAUER, M.S. Afecção do disco intervertebral. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 2.ed. p.1287-1305. São Paulo: Manole, 1998.




 
 
 

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