Como podemos reconhecer a dor nos animais?
- Bianca Aguiar Pereira
- 12 de jul. de 2016
- 3 min de leitura
A dor é uma das piores sensações que conhecemos. Ela limita, impossibilita, restringe. Mas, fisiologicamente ela é essencial para sobrevivência de todos os animais pois funciona como um sinal de alerta desencadeando reações de defesa e preservação.
Muitas dores são difíceis de serem diagnosticadas nos humanos. Imagina nos animais que não utilizam nossa linguagem como meio de comunicação? A identificação da dor deles fica ainda mais complicada, mas podemos utilizar alguns recursos para isso.
Vamos começar explicando bem resumidamente sobre as classificações das dores.
De acordo com a duração, a dor pode ser classificada em aguda e crônica. A dor aguda tem função de alerta e defesa quando temos uma lesão corporal traumática, infecciosa ou inflamatória.
A dor crônica não é apenas o prolongamento da dor aguda. Ela persiste em condições patológicas crônicas de forma contínua ou recorrente. Normalmente, resulta em respostas emocionais de ansiedade e depressão.
De acordo com a patogênese, a dor pode ser principalmente nociceptiva e neuropática. A dor nociceptiva ocorre por ativação fisiológica de receptores ou da via dolorosa e está relacionada à lesão de tecidos ósseos, musculares ou ligamentares. Já a dor neuropática é definida como uma dor que ocorre em áreas ou órgãos envolvidos em lesões ou em doenças neurológicas.
Os pacientes humanos com dor neuropática apresentam queixas múltiplas e complexas. As principais queixas se dividem em dores espontâneas (aquelas que aparecem sem nenhum estímulo detectável) e dores que são respostas anormais ao estímulo.
Originalmente, a dor neuropática foi utilizada para descrever apenas a dor proveniente de neuropatias periféricas e a dor central para lesões do sistema nervoso central. De forma mais abrangente, a dor neuropática é uma dor crônica causada por uma conseqüência direta de lesão, ou disfunção, dos axônios ou corpo dos neurônios que cause interrupção da bainha de mielina tanto no sistema nervoso periférico quanto no central.
Na medicina veterinária, o maior foco para avaliação de lesão neurológica é após cirurgias ou traumas e se resume no déficit da função motora e sensitiva. No entanto, danos ou doenças dos axônios e da bainha de mielina prejudicam sua habilidade de conduzir impulsos nervosos, causando hipoestesia (sensação reduzida ao estímulo de dor) e dormência, juntamente com o déficit da função motora. Lesões nestes nervos podem também causar dor.
Diversas condições podem fazer com que cães e gatos adquiram dor neuropática, incluindo trauma acidental e cirúrgico, hérnia inguinal, fraturas pélvicas, amputações (dor do membro fantasma), cistite intersticial felina, lesões na medula espinhal, hérnia de disco intervertebral, neuropatias diabéticas, tumores no sistema nervoso central entre outras.
Na dor neuropática, o problema se torna ainda maior. É difícil identificar quando os animais sentem sensações como formigamento, queimação e agulhamento, comuns na dor neuropática. Devemos ficar atentos pois alguns animais se mordem e se mutilam por este motivo.
Por isso, um exame físico que vá além da avaliação de marcha e reflexos e uma boa conversa com o proprietário o qual deve estar atendo ao comportamento de seu animal, podem fornecer informações importantes para diagnosticar se um paciente está ou não sentindo uma dor neuropática e assim entrar com um tratamento específico.
O reconhecimento da dor é muitas vezes um desafio. Os cães podem ficar mais quietos, perder o apetite, morder ou rosnar quando tocados, vocalizar, ficar ofegante, andar com dificuldade e lamber a área dolorida. Nos gatos a dor é ainda mais difícil de ser identificada por terem a característica de demonstrar a dor menos veemente do que os cães. Neles, a perda do apetite, a diminuição da interação social, tentativa de se esconder em lugares escuros ou fechados e a lambedura da área dolorida podem ser comportamentos sugestivos de dor.
A acupuntura e a fisioterapia podem atuar em conjunto com os fármacos disponíveis para proporcionarmos um melhor manejo da dor nos nossos queridos animais.
Escalas de dor para cães e gatos.
Fonte: http://www.allianceanimalhealth.com/pain-management.pml


Referências:
https://portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Camila_Franca_1c.pdf
http://www.allianceanimalhealth.com
FANTONI, D.T. Manejo da dor em cães e gatos. Boletim Pet. volume 04/2015.



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